Chamada para Evento – Argumento
Comissão de coordenação e orientação do CIEN-Brasil: Paola Salinas (Coord. Geral), Mônica Campos Silva, Mônica Hage e Vânia Gomes.
Em 2008 a Manhã de trabalhos do CIEN-Brasil teve como tema “A oferta da palavra hoje: quais as respostas do CIEN?”, indicando uma tendência generalizada no uso da fala como instrumento de transformação e ação. Em uma perspectiva utilitarista aliada à ciência, essa oferta da palavra foi tomada, no mundo, como instrumento de eficácia, buscando uma previsibilidade do sujeito e a produção de respostas pré-concebidas. Como consequência constatava-se que o mal-estar, o enigmático, inerente ao humano, não encontrava um lugar.
Frente a isso o CIEN se posicionava com “A oferta de dispositivos onde a palavra pudesse se tornar, pela forma como é escutada, um instrumento de criação de respostas e de abertura de caminhos inéditos – ou ainda, como indicou Judith Miller, o inconsciente pudesse no mundo contemporâneo, tornar-se audível”[1]. Isto é, que pudesse ter um lugar no discurso.
As conversações inter-disciplinares dos Laboratórios do CIEN, em seu trabalho ao longo destes anos, nos mostram não só os efeitos do encontro de diferentes pontos de vista, do que cada um pode se servir do outro, mas também do que colocamos em jogo quando falamos: os limites, as contradições, os pontos de ruptura e paradoxalmente… o que faz laço. Não se inserir na lógica da resposta padrão ou da normatização faz aparecer a diferença em seu sentido amplo e a singularidade como modo de solução ao impasse que ali se apresenta.
Dez anos depois, propomos nessa VI Manhã de Trabalhos do CIEN Brasil retomar essas questões: O que falar quer dizer? Buscando recolher nas experiências, entre as contradições dos efeitos de falar e do uso que se faz desse dizer, como os jovens e crianças se apresentam na sua singularidade? Qual a forma que cada um encontra para expressar suas diferenças em nossos dias e poder responsabilizar-se por elas? O que ouvimos dos seus dizeres, das suas invenções?
É possível apostar ainda hoje em uma boa forma de dizer, mesmo quando não há um discurso articulado para representar um sujeito? Ou seja, quando um lastro simbólico, social e afetivo vêm a faltar, deixando o sujeito sem um enganche que lhe permita representar-se ainda que pela oposição? Quais as consequências quando se retira essa aposta na palavra? O que a violência que se apresenta nas crianças hoje quer dizer?
A partir da prática dos Laboratórios, abordaremos os desafios e os recursos construídos em cada experiência do CIEN. Os testemunhos nos permitirão discutir sobre os seguintes eixos temáticos:
1- Em que apostamos quando propomos uma conversação do CIEN nos dias de hoje? Como reintroduzir o lugar da palavra e sua função? A partir do que se fala, quais os pontos de opacidade que se apresentam para cada um e os efeitos na fala que circula?
2- Singularidade e Diferença – A presença, em nossa época, de reações extremas diante da singularidade de cada um e seus diferentes modos de satisfação, nos faz perguntar sobre o ato e a palavra. Como cada criança e cada jovem pode constituir e sustentar seu lugar frente à intolerância? Como a violência nas crianças ou dirigidas a elas podem ser lidas?
Envio dos trabalhos
Aguardamos a experiência dos laboratórios do CIEN até o dia 15 de setembro, para o e-mail brasil.cien@gmail.com
Cada comunicação deverá conter até 6000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte Times New Roman, tamanho 12.
Inscrições: www.encontrobrasileiro2018.com.br