Editorial
Paola Salinas – Editora
Permutação não sem história
Este Cien-Digital inicia uma nova série. A partir da orientação da Comissão Cien Brasil (2014/2016), introduzimos a permutação em nosso trabalho. Assim, a edição foi assumida por Siglia Leão e por mim, contando com o comitê editorial composto por Ana Martha Maia, Margarete Miranda e Vania Gomes, e com as consultoras Maria do Rosário Collier do Rego Barros, Cristiana Pitella de Mattos e Fernanda Otoni-Brisset. Essa equipe trabalhará por um tempo definido e se renovará em parte a cada escansão de tempo.
O Cien-Digital objetiva transmitir a experiência do CIEN em sua singularidade, especificidade, que embora sustentada em um percurso de trabalho desde sua fundação, em 1998, se refaz a cada surgimento de um novo laboratório.
Desse modo, o Cien-Digital é um espaço para a precisão teórica de uma prática e para o vivo desta, a qual implica um não saber em seu funcionamento. Um trabalho feito por diferentes, visando possibilitar a introdução de um saber novo, que possa ser construído nas conversações.
É nosso intuito recolher aqui tais produções, bem como as reflexões suscitadas por elas. Assim, o trabalho dos laboratórios, seus questionamentos e avanços que se encontram na rubrica LABOR(a)tórios, são presença fundamental nessa e em cada edição, transmitindo os impasses vividos e, com eles, o fazer do CIEN.
Temos uma breve apresentação do livro Trauma, Solidão e Laço na Infância e na Adolescência – Experiências do CIEN no Brasil, que compõe um registro do trabalho no CIEN.
Do mesmo modo, temos como parte do Cien-Digital contribuições e articulações decorrentes do percurso do CIEN como um todo no campo freudiano, bem como elaborações realizadas que nos servem de orientação. Trata-se da invenção cotidiana na prática das conversações e da presença do interdisciplinar não sem o percurso teórico já feito a esse respeito. A novidade, o furo no saber como causa, e a orientação. Nesse sentido, a rubrica Hifen traz um precioso e preciso texto de Eric Laurent, na localização do (não) saber psicanalítico no âmbito inter-disciplinar. Os princípios também se recolocam na articulação entre o singular e o laço, belamente descrita na ENTREvista concedida por Beatriz Udenio, que nos traz balizas para o trabalho em Buenos Aires na Conversação Internacional do CIEN Americano.
Ainda temos no Ponto de Vista e Contribuições textos que trazem uma reflexão sobre o trabalho e o percurso traçado, em articulação ao trabalho no CIEN. Em Órbita, temos uma interessante discussão sobre o autismo, o ensino e as consequências de se deixar ensinar por cada experiência.
Neste Cien-Digital 21 em especial, que tem a marca de uma novidade, introduzimos uma rubrica nova, História do CIEN Brasil. Aqui pretendemos retomar textos, articulações do trabalho desses anos do CIEN no Brasil que não foram publicadas até então. É interessante notar questões e elaborações feitas em determinados momentos que podem nos servir ainda de orientação, bem como impasses próximos aos do trabalho de hoje.
Estreando essa rubrica temos o laboratório a-Palavrar, que tinha como responsável Maria Rita Guimarães, com o comentário do querido Célio Garcia. Vocês poderão ver que essa rubrica terá antes um Contexto, nos dizendo do trabalho ali apresentado e do momento a que se refere.
Ainda, nossa gratidão a Maria Rita Guimarães e toda sua equipe que esteve à frente do Cien-Digital, alguns ainda estão!
Maria Rita, que soube fazer com um boletim, com um cuidado ímpar. Ainda contamos com ela nesse percurso, e entusiasmadas para seguir adiante, numa novidade sustentada no trabalho de longa data.
Sintam-se convidados a escrever para o Cien-Digital, lê-lo e fazê-lo circular em diferentes e variados lugares, onde a lógica do inter e do hífen do trabalho no CIEN pode ser sustentada.