De como escutei a expressão me inclui fora dessa
Texto: Celio Garcia
Ilustração: Dário de Moura
O Historiador deixou de comemorar a data de aniversário, passou a se interessar, ao invés disso, ao lugar da memória. Senão na maneira de falar, qual é o caso, em se tratando do jovem infrator? (Ely não se esqueceu da data em se tratando da história do jovem infrator, a sua instituição).
Começo pela expressão me inclui fora dessa. A periferia como lugar de memória do jovem infrator, onde dá prova de grande criatividade.
Senão como entender o presentismo? A sua gíria não é mistério para ninguém. Em relação à sintaxe ele inovou definitivamente, não se limitando à gíria, ao vocabulário. Como sabemos, é mais fácil inventar no que concerne à gíria, ao vocabulário.
De tal forma o jovem se mostrou inovativo, em se tratando de infração, que retomei essa questão, pois me encontrava na Escola de Engenharia (UFMG). Como se sabe, ela dispõe, para fazer face a toda e qualquer infração, de um método científico. Pois bem, adotei um modelo geral de infração aos científicos algoritmos, como prova de criatividade.
Outro dia, por ocasião das demonstrações, surpreendi-me com esta frase: “você está louco”, ao se dirigir, _ o jovem infrator _ao vândalo, que iniciava a sua exibição da performance, começando a quebradeira de vitrines das lojas. Como se, ao dizer “você está louco”, se distinguisse, se separasse do vândalo, permanecendo na sua originalidade como jovem infrator. Como não tiveram uma infância, sabe de tudo muito cedo. Passaram à idade adulta muito cedo, não tiveram adolescência, isso é coisa de rico.
Como se você dissesse que uma prova do desaparecimento da adolescência faz com que se pense no rebaixamento da idade penal. É a velha história: Escrever certo por linhas tortas.
“Nasci pra ser livre?” Foi a primeira frase que escutei no momento da rebelião, na instituição onde ocorria a rebelião. Encontrava-me com minha colega Fabíola, estávamos a dois passos da tranca. Através da grade, da tranca, não poderia haver engano, era bem isso que um menino gritava: nasci para ser livre.
Memória do jovem infrator ,encontrei desde cedo, através de um funcionário da seção das antigas, que mostrou a documentação reunida por ele, espontaneamente, em fotografia 3/4. Os meninos que haviam passado por aquela casa e já tinham morrido, era um monte de fotografia ?! Como sabemos jovem infrator morre cedo!
O sistema é formado pelas instituições, o sistema ignora tudo de real com relação ao jovem infrator, o sistema está acima de tudo, não tem a mínima condição de saber o que realmente se passa com o jovem infrator, é um estranho para ele. Nosso ECA não resistiu à pressão do sistema. Passou a figurar o sistema como única referência.