Skip to content

A criança responde!

image_print
Bill Gekas, Joker’s child, 2011
Nina Krivochein

Atualmente com onze anos, Nina comanda o projeto itinerante Autores Mirins em escolas no Rio de Janeiro e em todo o país.

Com a proposta de incentivar a escrita, a leitura e a aquisição de cultura literária, desde os sete, ela publica em seu blog resenhas e críticas de cinema, teatro e livros infantis. São dela também, os livros A vaca que não gostava do pasto (Editora Vermelho Marinho, 2011) e A menina que tinha cães invisíveis (Faces Editora, 2013). Como repórter-mirim, ela se dedica a assuntos do universo infantil, na revista eletrônica Nice For Kids.

CIEN Digital: – Como foi que você pôde se pensar uma escritora? Como surgiu o seu interesse pela literatura, que leva você a querer ler, comentar e escrever histórias sobre crianças?

Nina Krivochein

Nina: – Eu comecei a ter vontade de ser escritora quando a minha mãe lançou o seu primeiro livro, Fragmentos do Desencontro. No dia ,subi numa cadeira e disse para todos que o próximo lançamento seria o meu e estavam todos convidados!

Todos acharam fofo, mas não me levaram a sério. Então, eu cheguei em casa e escrevi o meu primeiro livro: A vaca que não gostava do pasto.

Sempre tive contato com o livro e quando eu era bem pequenininha e ainda não sabia ler, minha mãe lia o livro para mim e depois relia. Então, ela fechava o livro na metade e pedia para que eu mudasse o final. Então, comecei a perceber que alguns livros tinham erros e que outros poderiam mudar e, desde então, critico os livros, sejam eles bons ou ruins!

 

CIEN Digital: – De que maneira escolhe a capa de seus livros e imagens para o blog? Como é o processo criativo: primeiro você escreve e depois a ilustradora desenha seus personagens? Você opina sobre as ilustrações? Em geral, as imagens dos personagens correspondem àquilo que você imaginou ao criá-los? Se há diferença, o que você faz? De qual personagem você gosta mais? Alguma representa você ?

Nina: – No meu primeiro livro, eu quase não participei, mas no segundo, A menina que tinha cães invisíveis, eu participei mais. Os cachorrinhos invisíveis, por exemplo, eu queria que eles fossem pontilhados, mas Atlan Coelho, o ilustrador, desenhou igual a fantasminhas e negociamos para que fossem como ele desenhou, só que com patinhas! A Bruna, personagem do livro, na história eu escrevi que ela tinha os cabelos castanhos, mas ele desenhou a Bruna com o cabelo ruivo e como eu gostei muito, acabei mudando a cor dos cabelos dela na história. Nem sempre a imagem do personagem é como eu imaginei, mas eu acabo gostando dele como é.

Eu não gosto mais nem menos de nenhum personagem. No meu coração, gosto igualmente de todos, inclusive os personagens dos livros que ainda não foram publicados: A formiga Fifi e o Tigre Enzo, Bete, a Barata, A senhorita Redundância e o Senhor Pleonasmo, O padeiro Pão Duro e o mistério das crianças enfarinhadas. A história da Bruna aconteceu comigo, e por isso acho que ela me representa.

CIEN Digital: – Como você escolhe o tema de seus livros?

Nina: – Na verdade eu não escolho os temas, porque segundo a teoria da mamãe: nós não escolhemos o tema, ele é que nos escolhe! Escrevo histórias de coisas que me chamam a atenção, igual ao livro da vaquinha, que escrevi por causa de uma visita que fiz à fazenda da minha tia e notei que o cercado das vacas era muito pequenininho e achei que elas pudessem se sentir tristes.

CIEN Digital: – Constantemente, a mídia divulga novos modelos de tablets, celulares e jogos eletrônicos, seduzindo crianças, adolescentes e até adultos para seu “consumo”. Muitas pessoas passam horas de seus dias diante de seus aparelhos eletrônicos. O que você acha que leva crianças e adolescentes a preferirem os aparelhos tecnológicos em vez da leitura ou escrita de um livro, ou mesmo a brincar e conversar com os amigos?

Nina: – Eu acho que é uma questão de limites. Vejo que os pais entregam um aparelho eletrônico como única diversão para crianças e elas ficam sem acesso aos livros desde pequenas. Eu acho que jogar demais emburrece, porque nós, crianças, ficamos no automático, clicando várias vezes na mesma coisa sem pensar em nada, e aquilo vai te viciando, te viciando, te viciando. E depois você só quer saber daquilo. E você esquece das coisas boas de verdade, como conversar com seus amigos, brincar, correr e até ler.

CIEN Digital: – Você posta sua agenda  de compromissos em seu blog. Há muitas atividades decorrentes de sua vida de escritora, do projeto Autores Mirins, de resenhas, etc. Você tem problemas com o tempo? Dá tempo de fazer os deveres escolares? Como reage quando não consegue fazê-los? E sua família? E a escola? Os joguinhos eletrônicos – você fala deles em seu blog- ocupam muito de seu tempo? Que tempo você tem para brincar?

Nina Krivochein, A menina tinha cães invisíveis, Faces Editora, 2013

Nina: – Eu tenho um combinado com a minha mãe de só fazer a visita do projeto uma vez por mês, para que eu não canse e não atrapalhe meus estudos.

Para fazer minhas resenhas não tenho problemas, pois eu escrevo na sexta e só publico na segunda para ter o fim de semana todinho só para rever a resenha.

Eu não tenho problemas com o tempo porque é tudo organizadinho. Tenho hora para ler, para escrever, para estudar, para descansar, para almoçar, para brincar. E também para os joguinhos eletrônicos!
Normalmente, eu consigo fazer tudo, mas quando não consigo é um perrengue total, e embola tudo! Pois faço uma coisa na hora da outra e não dá tempo de fazer as outras!

Como meus pais trabalham em casa, com a minha família tenho interação total, a gente faz todas as refeições juntos, estudamos juntos, nos divertimos e até discutimos de vez em quando. E como decidimos não ter empregada, ainda colocamos a mesa e arrumamos a cozinha juntos.

Sempre que eu faço resenhas, ganho uma hora de tablet. Na rotina, tenho uma hora por dia.

CIEN Digital: – Você vê alguma diferença nas histórias sobre crianças contadas por um adulto e nas escritas por uma criança?

Nina: – Eu acho que as histórias das crianças têm um ponto de vista que os adultos não têm mais. Por exemplo, o arco-íris, as crianças pequenininhas podem ver como uma magia dos unicórnios, e alguns adultos primeiro veem como um fenômeno meteorológico. Eu vejo muita diferença, porque uma história escrita por uma criança é um ponto de vista de uma criança. E a história escrita por um adulto é outro ponto de vista, completamente diferente.

Back To Top