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Editorial – Agosto 2015

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Helen Levitt, “New York c. 1943”
Maria Rita Guimarães

Caro leitor e amigo do Cien Digital,

Extra! Extra! Assim os antigos – parece que é uma espécie em extinção – vendedores de jornais – impressos, claro!, apenas eles existiam – anunciavam uma edição extraordinária, fosse pela tiragem avulsa, fosse por uma matéria capaz de provocar efeitos de leitura (e, claro! de leitores) e, às vezes, essa última era a razão da primeira, ou seja, de que houvesse uma nova tiragem.

 

O número 18 do Cien Digital gostaria de relembrar o grito Extra!, por se tratar de uma edição que queremos que lhe surpreenda pela agilidade dos textos curtos, pelo frescor de muitas formulações que encontramos em seus textos e, por que não dizer? – pela notícia em primeira mão – ( linguagem daquela época: hoje como dar notícias em primeira mão, em tempos de tempo real? ) Em tempo real soubemos que, por ocasião do PIPOL 7, em Bruxelas, Claudine Valette-Damase, Presidente do CIEN Francofono convidou a todos: um encontro irrecusável na Livraria do evento para lançamento da brochura “Des enfants parlent! Et ils ont de quoi dire’, edição em francês do livro “Crianças falam! E têm o que dizer” publicado pelo Cien-Brasil.

Não é uma notícia que toca a comunidade de trabalho do Cien no Brasil? Leiam a nota completa, escrita por Ana Lydia e Fernanda Otoni, organizadores do livro “Crianças falam! E têm o que dizer”.

Mas este número do Cien Digital também insiste em convocar cada um de seus leitores ao debate sério, vigoroso e atualíssimo que o Cien propôs para sua VII Jornada Internacional que acontecerá em 3 de setembro, em São Paulo. Crianças saturadas é o anúncio emblemático dos sintomas contemporâneos que se manifestam na vida cotidiana de todos nós, em grande parte sob o manto de graciosa inocência ou da tirania da felicidade1. Ou, por que não dizer?, sob o manto da biopolítica, tal como foi proposto por Foucault.

A gestão da população, inclusive se consideramos as estruturas governamentais que, cada vez mais, tomam a seu encargo questões até então situadas como sendo de natureza privada ( por exemplo, a determinação judicial que “avalia” as condições dos estragos do desejo materno para ratificar ou retirar a condição de mãe junto à criança ), revela-se particularmente destinada às crianças.

Bruce Nauman, Five Marching Men, 1985

Trata-se de uma gestão técnica sob o imperativo da mais absoluta objetividade e objetalidade do ser falante.

“Sim, “Simplesmente, faça-o!” parece hoje a fórmula, tão vazia quanto imediata em sua formulação, com que economistas e políticos, higienistas e científicos alimentam, muitas vêzes, o imperativo do Supereu.” Essa afirmação de Miquel Bassols, – convidado internacional para a Jornada do Cien – ilumina o contexto atual no qual “a economia de nossa época e seus fracassos parecem seguir um roteiro escrito linha por linha por uma instância tão obscena e feroz.” As citações estão no texto que você poderá ler agora, no Hífen, e se chama A voz do Supereu: Just Do It!

Lucíola Freitas de Macêdo, membro da Coordenação do Cien Brasil, também está no Hífen, com o texto Imagem e significante: enlaces e desenlaces. Já teríamos nos perguntado sobre o que advém das novas tecnologias digitais como efeito na prática da palavra? É impossível não ter pressa para lê-lo, até porque a autora nos introduz em sua argumentação por um acontecimento em tempo real, cuja cena está acessível no You Tube.

Cristina Drummond coordena a XIX Jornadas da EBP-MG, O que quer a mãe hoje?, e ENTRE-vista foi registrar suas ideias e reflexões na interface dos campos anunciados pelos títulos das duas Jornadas. A primeira pergunta já indica um link a ser pesquisado: Você encontra uma relação entre o estado de saturação das crianças e o modo como as mães educam seus filhos hoje?

Crianças Amos?  Vejam como elas nos são apresentadas por Adela Fryd em seu artigo publicado no Papers 9, do qual trazemos uma resenha escrita por Margarete Miranda.

Um amo absoluto para nossas vidas chegou para ficar: a chamada Internet das Coisas ( IoTS – Internet of Things and Services ) vai muito além da conexão dos computadores, smartphones, etc, mas potencialmente é capaz de ligar todos os objetos existentes no mundo. De fato, o “tecnopoder” se instala em todos os setores da vida humana, desde a possibilidade de que sua geladeira indique quais os alimentos que estão faltando aos terrores noturnos das crianças que desaparecerão através de um gadget conectado ao smartphone dos pais. Nesse contexto, surge a Hello Barbie! Leia o texto de Maria Rita Guimarães e opine sobre a nova Barbie.

A rubrica LABOR(a)tórios apresenta algumas de suas atividades em pequenos extratos, em um convite a que não deixe de participar do trabalho do Cien nas várias possibilidades abertas pela inter-disciplinariedade. Boa leitura!

Desejamos-lhe boa leitura !


Notas:
1   Conforme o título de um texto de Graciela Brosky
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