Fernanda Otoni Barros-Brisset “Tá dominado, tá tudo dominado”1, canta o funk na língua dos adolescentes,…
Argumentum, fazendo brilhar o recorte
Graciela Chester
Beatriz Udenio
Como abrir possibilidades, nos diversos lugares que habitualmente recebem as crianças e os jovens_ escola, clube, família, outros_ a que os adultos se mostrem atentos, sensíveis ao discernimento dessas modalidades de recusa, convidando, esperando que se aproximem, cada um a seu modo, para construir sua própria maneira de fazer, aquela com a qual irá nortear sua vida?(Extrato do Argumento para a Jornada do CIEN, 20 de novembro de 2013.)
A que chamamos adultos atentos, sensíveis ao discernimento das modalidades de recusa, que convidam a que cada um construa sua maneira de fazer?
A experiência dos laboratórios do CIEN e daquilo que ali se cozinha – como gostamos de dizer – converte-se numa vasilha de achados.
Porque a surpresa não vem somente quando uma criança “nos faz chegar” sua invenção, para que saibamos lê-la como tal. Essa surpresa é uma sacudidela e nos envolve ainda mais, quando isso que chamamos “a atenção sensível do adulto” nos leva a nos desalojarmos do costume, do habitual, das referências que nos guiaram tradicionalmente.
Porque a recusa não é exercida somente sobre a criança: quantas vezes é exercida sobre os adultos que dão um lugar a estes inventos, fora dos circuitos chamados convencionais? Entende-se por esses circuitos tradicionais os modos sustentados na ordem dos ideais, cuja bússola já não nos orienta como antes.
Por esse motivo, leva-nos a analisar o impacto que teve essa experiência para cada pessoa que por ela passou, mas também nos empurra à fonte, uma e outra vez, ao ponto fundamental do CIEN: um vazio de saber onde se experimenta a eficácia de uma Conversação.
“Mas, para isso, é preciso saber observar,
ouvir essa subversão à flor da pele.”
Extrato do Argumento para a Jornada do CIEN
20 de novembro de 2013
Beatriz Udenio
Detenho-me na frase que recortei do argumento da Jornada do CIEN.
Duas coisas me convidam a um esclarecimento.
Uma, que saber advertir implica ouvir, e que ouvir não é apenas uma operação de escuta de palavras audíveis. Ouvir introduz a possibilidade de escutar os ruídos, os estrondos, os barulhos, mas também o que “ressoa” nos corpos inquietos, trovejante, fustigando, “à flor da pele”. Ouvir se torna leitura de signos no audível ou naquilo que nos é dado a ver.